segunda-feira, 11 de outubro de 2010

VALE DO SAHY


















Uma jóia negra escondida.
Por Nelson Wenglarek para a revista NoStilo

Engana-se que o Vale do Sahy se resume apenas em suas praias.

Lugar de rara beleza encontra-se naquele rincão trechos dignos de filme.

No que tange ao contexto histórico, tudo começou quando o comendador Joaquim de Souza Breves resolveu trazer os escravos oriundos da Ilha da Marambaia, para ali descansar e servir de produto para comercialização.

Comerciantes de várias partes do Rio de Janeiro, principalmente acima de São João Marcos, importante cidade da época, vinham em busca de mais “produtos”.
Esses mesmos escravos que chegavam à Ilha da Marambaia permaneciam ali por um breve período para descansar, se alimentar e se preparar para a travessia, que apesar de curta, gerava ansiedade. Em tempos de final da escravidão, os navegantes atravessavam suas embarcações à noite, com algumas lamparinas a bordo e com alguns sinais, se mostravam do mar. Já em terra, fogueiras eram acessas para mostrar a melhor posição para o desembarque.

Por estas razões comerciais, várias construções tiveram que ser erguidas. Como prova disso, ao visitar a praia do Sahy, é possível encontrar estes vestígios históricos. Num belo sítio arqueológico, as Ruínas do Sahy bem que poderiam ser mais preservadas, melhor apresentadas quanto ao desenvolvimento do Ecoturismo local, já que este produto poderia atrair centenas de curiosos e até mesmo pesquisadores de várias partes do Brasil (só para ser modesto).

Como resultado de toda esta comercialização na região, formou-se o que conhecemos hoje de quilombo, exatamente da Ilha da Marambaia, povo que remanesceu deste período. O comendador possuía cerca de 20 fazendas com quase 3 mil escravos. Valor bem interessante já que ‘apenas’ 120 escravos eram autorizados à importação. Já a compra era liberada.

Num belo condomínio de luxo naquele lugar, encontra-se uma destas construções, exatamente o local onde eram feitas as apresentações dos escravos para os seus possíveis donos. Por acaso, restaurada pela MBR à época. E curiosamente, ainda hoje são realizadas manifestações culturais onde negros e simpatizantes aos movimentos afro-culturias se encontram em momentos de muita alegria e descontração.

Os fujões locais eram cassados implacavelmente.
A longa duração do sistema escravista pode dar a impressão errônea de que o cativeiro foi aceito pacificamente pela maioria das vítimas. Porém, já no século XVI, histórias de fujões eram freqüentes. Só para se saber, os quilombos eram verdadeiras nações de escravos fugidos, alguns dotados de complexa organização social e militar, que surgiram no século seguinte. O mais famoso deles foi o de Palmares, que durou quase cinqüenta anos e fez de Zumbi o grande herói negro da História do Brasil.

Perto dali, é avistado a Pedra da Conquista. Uma bela rocha voltada para o mar, local de escalada das mais interessantes. Com seus 200 metros (aproximadamente) de altura, a rocha se mostra um local de difícil acesso. Pois bem, exatamente para ali fugiam alguns que conseguiam driblar a segurança do mercado e mesmo acorrentados, às vezes num grupo de cinco, seis ou mais pessoas, se embrenhavam na mata e subiam o máximo que podiam. Quando percebiam que estavam na eminência da captura, se lançavam lá de cima, numa morte quase que libertadora.

O visitante poderá encontrar no Vale do Sahy, além da praia, uma estrada que corta a Fazenda Santa Bárbara, rumo a mata. Vai deixar por sua esquerda a Pedra da Conquista e vai acabar encontrando belas corredeiras.
Por acaso, estas trilhas fazem parte de um importante trabalho que a secretaria de turismo em 2006 começou a implantar chamado Projeto Trilhas de Mangaratiba, que pretendiam fomentar o desenvolvimento do Ecoturismo da região.

Quando você pensar em explorar novos locais, experimente o Vale do Sahy. Certamente sairá dali um pouco mais rico, ao menos de novas sensações culturais e naturais.

2 comentários:

  1. Nelson, Parabéns pelo blogg. Divulgar a história e as belezas de Mangaratiba é a primeira iniciativa para incrementar e desenvolver o turismo e negócios na região. A história dos Breves pode servir de pano de fundo para este projeto. Sucesso e bons negócios para a região.
    Aloysio Clemente Breves

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  2. Parabéns pelo Blog, a região do Sahy além da grande beleza Natural, possui também muita cultura enraizada, e se um dia nossos políticos souberem dar valor(com responsabilidade), se tornará num dos mais procurados pontos turísticos da Costa Verde.

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